Jesus Cristo Fast Food

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Hoje em dia é fácil encontrar pessoas que querem soluções rápidas. Elas buscam a Deus só para que Ele realize os seus sonhos. Passam o dia todo ansiosas para que seus desejos e planos se concretizem e assim como em um fast-food, não querem esperar muito tempo. Mas há também aqueles que já desistiram de sonhar, que jogaram a toalha depois de tantos sofrimentos e frustrações. As muitas lutas deixaram marcas e não resta mais coragem para levantar as mãos aos céus e compartilhar com Deus um sonho que vem do coração. Existem ainda outros que querem usar e tentar manipular Deus para realizar seus sonhos.

Hoje em dia muitos falam do evangelho de Jesus como se fosse a história de um deus que vai andando disparado em sua moto bem rápido, passando pelas ruas e avenidas da cidade. Esse Jesus delivery pára de frente as casas, retira os pedidos e corre para resolvê-los e entregar as soluções. Há também aqueles que acreditam que servir a Jesus é viver acima do bem e do mal. Frases como: "Eu sou cabeça e não cauda", "Eu posso todas as coisas naquele que me fortalece, porque meu Deus é o dono do ouro e da prata", "Sou filho do dono do mundo" viraram uma espécia de mantra, e o Senhor da glória nada mais pode fazer a não ser obedecer quando vitórias são ordenadas e direitos são reivindicados. É como se Deus tivesse a obrigação de realizar o sonho de seus filhos.

Meu entendimento, porém, é outro. Eu sentiria vergonha de olhar para Deus com essa arrogância. Sei perfeitamente que tudo é pela graça. Não foi merecimento meu e sim bondade de Deus. As pessoas vão nos cultos e acreditam que no momento da oração, se elas fecharem bem os olhos, apertarem suas pálpebras com a maior força que conseguirem e cantarem bem alto, vão conseguir comover a Deus a realizar seus sonhos mais íntimos. A vida não é assim, não existe uma varinha mágica. Tudo é um processo. A Bíblia diz que Deus levou seis dias para completar a criação. Fez surgir cada dia, uma coisa. Deus nos fez à imagem e semelhança dele e, por isso, devemos aceitar que Deus nos quer levar e nos colocar em um processo.

Mas resistimos à essa ideia. Queremos tudo na hora. Tiramos uma foto e temos o resultado no mesmo instante, pedimos comida por telefone e não precisamos aguardar mais que 15 minutos, falamos com alguém em qualquer lugar do mundo a qualquer momento do dia. Por que com Deus seria diferente? Parece que a indústria que vende para os cristãos percebeu isso e desenvolveu uma fórmula fast-food. Vou dar um exemplo:

Em muitos casos não é mais a igreja que prepara, autoriza e envia seus ministros ou missionários. Isso levaria um bocado de tempo e dedicação. Pode ser trabalhoso e cansativo esperar ser autorizado por uma igreja local, criar vínculos e ser advertido. Não temos tempo mais para isso (Tempo é dinheiro). A alternativa mais prática é promover um concurso de calouros na TV. Daí a pessoa com a melhor voz, que chora e faz as pessoas se arrepiarem, é escolhida. Chamamos isso de unção quando na verdade é apenas comoção. Então a indústria, dirigida pelo deus dinheiro, o deus Mamon, autoriza e envia seus ministros mais rentáveis.

Você se lembra de que os salmos eram frutos da experiência de fé de seus autores? Eles escreviam o que viviam, não o que seria mais facilmente dirigido pelo mercado. Em busca do sucesso rápido algumas pessoas pensam: "Vamos fazer uma música como aquele cantor ou cantora fazem. São canções que vendem bem. E vamos chamar tal produtor, ele é o cara." Está dado o primeiro passo para a música que não é fruto de vivência com Deus, mas apenas um "produto" enlatado que a indústria joga no mercado que chamam de igreja. A igreja, por sua vez, está com fome. Ela deseja o que estão oferecendo porque aquilo lhe foi estimulado de alguma forma. Então ela precisa daquele produto que vai alimentar os sonhos e os anseios de conquistar a vitória, vai, ainda que momentaneamente, aquietar as almas desesperadas por alcançar a tal chave que lhes abrirá a porta que dá acesso às riquezas. Ninguém quer passar pelo processo, pois é cansativo dobrar os joelhos de madrugada e pedir a Deus uma direção. Ouvir a voz do Senhor e buscá-lo pode levar tempo demais. Ninguém quer santificar, mas o fogo de Deus todos querem. Paulo escreveu:

"Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim, e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas 2:20)

Não devemos ser contra a prosperidade. Como filhos de Deus, precisamos entender que, sim, existem os benefícios da cruz. Mas antes há a renúncia do "eu". Precisamos renunciar o pecado, à nossa condição pecaminosa. Devemos assumir a cruz e o evangelho do arrependimento que Cristo nos anunciou. Mas nem por isso precisamos adoçar a mensagem, em busca de igrejas cheias. Não há necessidade de mostrar Cristo como um realizador de sonhos ou como um ser que promete dar tudo que alguém acha que merece receber. A Bíblia nos ensina a escolher entre os nossos sonhos e os sonhos de Deus. Não podemos servir a dois senhores. Ou fazemos a nossa vontade ou a de Deus. Acontece que a vontade Dele é a única verdadeiramente boa, perfeita e agradável.

Pela manhã temos a opção de acordar como um animal, que simplesmente come e sai andando, esperando pela hora de dormir novamente, Ou podemos dobrar os joelhos, fechar os olhos e dedicar nosso dia ao Senhor. Podemos colocar nosso coração diante Dele e dizer: "Senhor, seja feita a Sua vontade. Governe sobre mim. O que o Senhor espera de mim? Manifeste-se no meu dia a dia, na faculdade, no trabalho, na minha casa etc."


"Não busque usar Deus para realizar seus sonhos, mas deixe Deus usar você para tornar realidade os sonhos Dele." Fernandinho

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